O mundo contemporâneo impactou sobremaneira o mundo jurídico.
A popularização dos cursos jurídicos, a facilitação do acesso à justiça e as inovações tecnológicas ocasionaram um impulso na concorrência do setor advocatício.
Deste modo, para lidar com o crescimento do setor e acompanhar as tendências do mercado, o advogado precisará ir além do simples conhecimento jurídico.
Um dos maiores desafios do advogado contemporâneo é se reconhecer enquanto empreendedor, e, enquanto não o faz, enfrentará inúmeros obstáculos proporcionados justamente por essa resistência.
A imagem romantizada produzida pela tradição da profissão e pelos livros de que a advocacia é um sacerdócio necessário para o correto funcionamento da justiça. Realmente o é, mas não se restringe a isso.
A ausência de conhecimentos básicos de administração, contabilidade, marketing e gestão de pessoas, os quais não são ensinados na faculdade, porém todo empreendedor deve dominar.
E, por fim, mas não menos importante, ausência de conhecimentos sobre tecnologia, e a resistência de os adquirir.
Essas são algumas das características que devem ser moduladas para que a gestão do escritório se reinvente e atinja o sucesso.
Levando em consideração esse cenário, elencamos três pontos-chaves para que o advogado se adeque e seja capaz de dar início a profissionalização da gestão de seu escritório de advocacia.
1. Gestão e Cultura Organizacional no Escritório de Advocacia
A gestão de um escritório de advocacia muito difere de outros negócios na prestação de seu objeto fim, no entanto, no que diz respeito às pessoas, a gestão não é muito diferente.
O advogado que ainda não se preocupa com o clima organizacional de seu escritório, deve implementar práticas nesse sentido com urgência.
Com a marca de 1 milhão de advogados no Brasil já ultrapassada, certamente haverá entre esses profissionais aqueles que se dedicarão a serem parte de um escritório, isto é, aqueles que não tem intenção de ingressar no ramo dos concursos e tampouco pretensão de abrirem seus próprios escritórios.
Falamos aqui do advogado empregado, este estará em busca de um escritório que, além de um local para trabalhar e um salário fixo, lhe proporcione qualidade de vida, clima agradável, respeito e reconhecimento pelo seu trabalho.
Todos que estão a frente de um escritório sabem da importância de um profissional com trajetória dentro do próprio escritório, alguém adequado aos traquejos do dia a dia, à organização do escritório, que acompanha muitos dos processos desde o princípio.
A cultura organizacional implicará na fixação dos profissionais no escritório de advocacia, na retenção do advogado empregado, de modo que a gestão do escritório de advocacia não tenha que ficar lidando com a alta rotatividade de colaboradores.
Encarar a gestão de pessoas em um escritório de advocacia com a mesma organização de uma empresa certamente ensejará em um diferencial competitivo.
Profissionais com sentimento de pertencimento ao local onde trabalham adquirem práticas inovadoras, têm o trato para com as lides do escritório como se suas fossem, se motivam e engajam em suas funções e possuem ânimo para buscar melhores resultados.
Ademais, é notório que equipes mal estruturadas, ou sob má gestão, possuem como característica atitudes negativas, pessoas desunidas e, por consequência, falhas na comunicação e na execução do trabalho.
Bem se sabe que na advocacia isso não pode ocorrer.
Portanto, deve o advogado que pretende sucesso na gestão de seu escritório dar a devida importância à gestão de pessoas e à cultura organizacional, devendo desde já iniciar a aproximação aos conhecimentos da psicologia organizacional e do trabalho.
2. Modernização da Gestão do Escritório Por Meio da Tecnologia
Utilizar os avanços tecnológicos são de suma importância para o sucesso na gestão do escritório de advocacia, portanto a seguir citaremos debilidades existentes em um escritório de advocacia que podem ser sanadas por meio da tecnologia.
Tarefas Repetitivas
Recebimento, distribuição, controle de prazos, consultas a intimações e informações a respeito dos andamentos dos processos são atividades que tomam muito tempo do advogado.
Se desvencilhar das mesmas possibilita a dedicação a tarefas mais importantes dentro da gestão do escritório.
Tarefas como essas podem, e devem, ser absorvidas por um software jurídico, como sugestão citamos o Astrea e o SAJADV.
Documentação Física
Era comum que escritórios de advocacia reservassem grande espaço para a acomodar documentos e quando havia necessidade de consultas, revirar as caixas era a única opção.
Atualmente com a Nuvem Digital pode-se digitalizar o grosso da documentação quando da primeira entrevista com o cliente e já as devolver.
Toda a documentação ficará centralizada e possibilitará o acesso de qualquer lugar, adequação esta que em muito contribuirá para a organização do escritório.
Agenda Física
Por certo os celulares substituíram relógios, câmeras fotográficas e outros equipamentos por centralizarem inúmeras utilidades em um pequeno aparelho.
Também devem substituir as agendas físicas.
Se antes audiências, reuniões com clientes ou parceiros e demais atividades eram escritas à mão em agendas físicas, hoje tal método se tornou obsoleto.
Agendas Eletrônicas possibilitam a anotação de todos os compromissos no seu aparelho de telefone e o soar de alarmes e avisos quando do aproximar destes compromissos.
3. Marketing Jurídico
Todos os tópicos acima citados dependem da existência de clientes, posto que o motivo de funcionar de um escritório de advocacia é a existência de demandas judiciais trazidas por clientes.
Ou seja, a gestão de um escritório de advocacia também deve se preocupar com estratégias de prospecção de cliente e, portanto, marketing.
O marketing na área jurídica possui certas restrições impostas pelo Código de Ética, no entanto falamos aqui de delimitações e não de total proibição.
Pode o advogado se perguntar: “quais ferramentas de marketing jurídico possibilitam a prospecção de clientes ao mesmo tempo que mantêm conformidade com o Código de Ética?”.
Realização de palestras, participação do escritório em eventos jurídicos e congressos, produção de artigos científicos ou informativos, produção de vídeos educativos para redes sociais e assessoria de imprensa são apenas algumas das ferramentas de marketing disponíveis para advogados.
Porém, não basta a simples aplicação de uma das ferramentas acima citadas.
O marketing jurídico deve se desenvolver em conjunto com outras estratégias, levando em consideração a imagem que o escritório quer transmitir, o tipo de cliente que busca prospectar, bem como a possibilidade de absorção das demandas advindas de uma campanha.
Portanto, se para a gestão organizacional deve o advogado se socorrer de conhecimentos da psicologia e para a gestão interna socorrer-se da tecnologia, no que diz respeito ao marketing jurídico também precisará a gestão do escritório de advocacia de amparo especializado.
Assim, restam expostos os três pontos-chaves que o advogado deve ter em mente para aprimorar a gestão de seu escritório de advocacia e potencializar sua atuação perante o um mercado que a cada dia fica mais competitivo.